Sucata, segundo o dicionário, é “aquilo que está inutilizado, ou que tem pouco valor” ou “ferro ou objeto de ferro tornados imprestáveis pelo uso ou pela oxidação, os quais são reaproveitados depois de refundidos.” As 20 fotografias da exposição “Sucata” remetem a estes dois conceitos básicos, o de reutilização de algo imprestável e o de algo de pouco valor. A idéia aqui é dar valor ao que não tem valor, que foi deixado, esquecido, perdido, deteriorado.
O começo desta busca por este tipo de imagens de sucata foram fotos feitas no deserto de Uyuni, na Bolívia, e no Death Valley, nos Estados Unidos. Lá fotografei pedaços de ônibus, carros, vagões de trens abandonados no nada do deserto, deixados ali quase que como um ornamento, uma marca do homem na natureza. Estas primeiras fotos são apresentadas na exposição Sucata em forma de slide show em um porta-retratos digital. Funciona como uma espiada ao começo do projeto fotográfico.
Este projeto fotográfico tenta resgatar a beleza estética destes objetos que foram deixados/jogados fora por já não servir para nada. Aqui dou uma nova função para eles, é um forma de reutilização destes objetos, eles se tornam o foco de atenção por suas cores enferrujadas e deformações. É um pouco sobre o abandono, o esquecimento, a solidão e, ao mesmo tempo, a beleza que não aparente superficialmente existe nisto. Solidão é um tema que trabalho bastante em minha obra artística.
Juntamente com as fotos existe uma ambientação sonora feita especialmente para estas imagens pelos artistas Andréa May e Junix. Nesta criação eles trabalham com sons metálicos e música eletrônica, gerando uma atmosfera envolvente da obra.